Troque uma arma por um pincel


IN MEMORIAN

O ATELIER DO TIO LINO.
Para mim a verdadeira faculdade da vida é a rua
                                                                 Tio Lino.
A Rocinha parece um vulcão adormecido, mas que pode explodir a qualquer momento
                                                                 Tio Lino
O slogan "troque uma arma por um pincel" foi a chamada usada por Lino Santos Filho, o Tio Lino em sua catequese em busca da conversão pela arte. Lino tinha pouco mais de  60 anos e foi vencido pela  diabetes que maltratou suas pernas e seu coração mas não o impediram de continuar sua caminhada. Todo o dia faça chuva ou faça sol, com tiroteios ou na santa paz ele abria seu pequeno centro de artes no final de uma das áreas mais estigmatizadas da Rocinha, o Valão, as crianças esperam ainda com ansiedade para a chegada do "Tio".
Para o torcedor do Fluminense, nascido e criado na favela, pai de quatro filhos e quatro netos o horário/chave é depois das 18h, quando alguns vultos saem das trevas e começam a atacar. É a hora em que "o bicho vai pegar". Seu atelier está sempre cheio. Estudantes dos mais variados cursos, desde a longínqua Baixada Fluminense até meninas da PUC, vem até a roça para conhecer o seu trabalho. O atelier é também visitado por muitas ONGs, de várias procedências, movidas a euros ou dólares. Eles admiram seu trabalho, mas retribuem apenas com um tapinha nas costas. Ele não se cansa, e acredita que um dia seu trabalho vai ser valorizado. Enquanto isso pacientemente espera doações. Ele se recorda com uma ponta de tristeza de seu tempo de salva vidas em São Conrado. "Já salvei muitas vidas, mas quando da passagem do Salvamar para a Secretaria de Segurança, caí fora. Não dá pra ser policia na favela". Talvez por influência do mar ele sonhe escrever um livro contando seus casos, seus amores, suas histórias. O nome : Um sonho de pescador.

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