A VIA ÁPIA DA ROCINHA UM LUGAR ONDE TUDO PODE ACONTECER

atualizado em 04/10/2022
NADA MELHOR QUE "MATAR UM BOI" PARA CONSEGUIR VOTOS
MORADORES ESPERAM DIAS MELHORES APÓS A ELEIÇÃO
A VIA ÁPIA É O CENTRO COMERCIAL DA ROCINHA ONDE VENDE-SE DE TUDO PARA TODOS OS GOSTOS

photo by alcyr cavalcanti all rights reserved

Um lugar onde tudo acontece, um ponto de encontros, onde acordos e desacordos são feitos como na comemoração antecipada do churrasco patrocinado por Claudio Castro, já reeleito. Quem não se lembra da memorável Festa de Cosme e Damião bancada pelo Bem te Vi, com ajuda do jogo do bicho e do comércio local? Em tempos bicudos nada melhor que "matar um boi" pra conseguir votos.
A Via Appia na Roma Antiga era uma de suas principais estradas. Para os romanos era a Regina Viarum, a rainha das estradas. Na Rocinha o nome italiano foi dado por Pompeo Feltrin em homenagem à sua terra natal. A Via Ápia é o principal acesso, um ponto de encontros e também seu centro comercial com uma agência bancária do Bradesco situada no térreo de um edifício de oito andares, farmácias,ponto de moto-táxis, barracas de ambulantes vendendo produtos diversos, uma associação de moradores (AMABB), salão de beleza, três restaurantes, várias lanchonetes, loja de telefonia,e uma oficina de conserto de motocicletas. Em época de grandes comemorações, a Via Ápia ferve, e reúne milhares de moradores para festejar.

Em outros tempos, não muito distantes haviam também dois pontos de apostas no jogo do bicho, e alguns pontos de vendas das "mercadorias do prazer", conforme a conceituação do sociólogo Michel Misse. Tanto vendedores e suas mercadorias, quanto apontadores e apostadores conviviam em uma aparente harmonia, bem diversa da "Guerra de 1988" entre Sérgio Bolado e Luiz Carlos Batista, que deixou um rastro de muito sangue. No tempo em que Antônio Bonfim Lopes reinava na localidade, um restaurante servia também como ponto de encontro e de reuniões de "chefes" da rede criminal Amigos dos Amigos-ADA, para traçar estratégias para invasões armadas e da tomada de territórios em poder de seus concorrentes.  Em outros tempos não muito distantes a sexta feira fervilhava e havia até um pregão de sua mercadoria nessa exótica feira pós-moderna em que um  jovem apregoava a quem quisesse ouvir: "Vem cá meu bom, aqui tem o melhor pó da cidade, não é malhado e custa só cinco reais".
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 Nos dias de hoje, em tempos de UPP, eles não mais fazem parte da paisagem, levando seus postos de trabalho para as centenas de vielas e becos da favela. Na Via Ápia estão sendo substituídos por alguns policiais civis e militares que fazem a sua forma de pacificação, muito contestada pelos moradores depois do Caso Amarildo. Hoje já se fala em uma saída "honrosa" dos policiais militares e de uma convivência em paz e harmonia.

 
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