ROCINHA EXIGE SANEAMENTO, A PRAIA DE SÃO CONRADO É UM IMENSO ESGOTO

HOTEL CINCO ESTRELAS VOLTA A FUNCIONAR EM FRENTE À PRAIA DE SÃO CONRADO, UM IMENSO ESGOTO
MORADORES DA ROCINHA E SÃO CONRADO ESTÃO REVOLTADOS
O Hotel Nacional, uma das obras de Oscar Niemeyer que já teve tempos de glória, vai voltar a funcionar em frente a uma praia intensamente poluída. A Praia de São Conrado está ameaçada de se tornar um imenso esgoto devido ao descaso das autoridades e ao não cumprimento de inúmeras promessas feitas em época de eleição. Ano a ano as promessas se repetem, os governantes se sucedem  e as promessas não são cumpridas.

Foto Alcyr Cavalcanti all rights reserved
Reportagem feita pela agencia de notícias Associated Press-AP há alguns anos atrás classificou a rede de esgotos da cidade como "um sistema medieval". A Rocinha foi um dos lugares em que as pesquisas foram feitas, e verificaram que quase a metade dos casos de atendimento médico são devidos á falta de saneamento básico, devido ao enorme número de valas negras e a falta de urbanização. Há meses atrás a Praia de São Conrado foi excluída do Circuito Mundial de Surfe, competidores ficaram decepcionados. O projeto Sena Limpa que poderia resolver o problema da poluição não tem previsão para ser concluído, obras estão parados porque o estado não tem repassado verbas. O governo federal ás vésperas de mais uma eleição prometeu mais dinheiro para obras do PAC-2, embora a maior parte das obras prometidas do PAC-1 sequer tenham sido iniciadas. Segundo foi prometido R$1,6 bilhões serão investidos em obras para levar água e esgoto à imensa população estimada em mais de 150mil habitantes. Será também iniciada a construção de um teleférico, que para a maioria dos moradores não é uma prioridade.
A maior área de lazer da imensa favela, a praia de São Conrado, onde grande parte de sua população aproveita as delicias de uma diversão ainda inteiramente gratuita está um esgoto só. Turistas desavisados, surfistas e até os jogadores da milionária seleção inglesa dividiram a areia democraticamente com os moradores, tentando driblar as imensas línguas negras que despejam milhões de dejetos pondo em risco a saúde de todos. Tem dias em que o cheiro é insuportável, o que não impede os surfistas de praticarem o esporte radical em suas longas pranchas. Protestos têm se repetido ao longo dos anos sem alcançar na prática nenhum resultado. Desde o verão 2002 empresários, lideres comunitários, músicos e surfistas têm se unido tentando comover as autoridades insensíveis aos apelos. No governo Garotinho em 2002 faixas pediam a solução do problema: "Respeite a praia Garotinho. atenção. Praia não é piscinão, essa obra é caô. Chega de cocô".
Estamos em 2014, em plena Copa do Mundo ás vésperas de uma Olimpíada e não só a Praia de São Conrado mas quase toda a Baia de Guanabara está intensamente poluída, uma imensa lixeira cheia de coliformes. Obras e mais obras são prometidas ano após ano, governos se sucedem e a poluição aumenta a níveis assustadores.


Na Rocinha desde a época do "Valão de Ouro" que milhões de reais são liberados e desapareceram sem que tenham havido melhorias significativas. Doenças há muito erradicadas voltam com força redobrada. Os índices de tuberculose, dengue e doenças de pele assustam os moradores apesar dos discursos pomposos e promessas não cumpridas.Em julho de 2013 o Fórum de Mobilidade Urbana realizou debate sobre a importância ou não da construção de um teleférico na Rocinha, e concluiu que as obras de construção do teleférico não são prioridade. A organização Rocinha sem Fronteiras exige das autoridades o inicio das obras para saneamento em definitivo da Rocinha, a eliminação das milhares de valas negras. Para José Martins de Oliveira liderança comunitária que reside há mais de quarenta anos na localidade: "O poder publico não chegou nunca até nós para saber de nossas necessidades, de nossa opinião. Já que não fomos consultados, viemos para o asfalto dizer que a nossa prioridade é saneamento básico". No entanto obras bilionárias do PAC-2 têm como prioridade a construção de um teleférico em função de uma futura estação de metrô. Para o arquiteto Luís Carlos Toledo que elaborou um Plano Diretor para a Rocinha, a construção de um plano inclinado é a solução bem mais em conta, e parte da verba do teleférico deveria ser empregada na limpeza do Valão e no saneamento de toda favela. Para Martins o teleférico é um imenso "elefante branco" com pouca ou nenhuma utilidade.

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