A POLÍTICA DE SEGURANÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

"Pra mim tanto faz o tráfico ou a policia, eu não posso expulsar o tráfico, tenho de conviver com ele. Mas se houvesse uma policia honesta, eu escolhia a policia. Por enquanto eu confio mais no tráfico que na policia"
JX morador da Rua2 na Rocinha.

O NARCOTRÁFICO DOMINOU VÁRIAS FAVELAS COM UNIDADES DE PACIFICAÇÃO MAIS DE MIL POLICIAIS VÃO SAIR DAS UPPS 
PROJETO NÃO TEM DADO CERTO E NÃO CONSEGUIU SEU OBJETIVO
A "GUERRA DO RIO" FOI INTENSIFICADA COM A ENTRADA DO PCC NAS FAVELAS CARIOCAS
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Mais de mil policiais das UPPS vão sair das unidades de pacificação para policiamento nas ruas.A notícia bem antiga agora em abril de 2018 vai ser posta em prática pelos interventores militares. Dezenove unidades de pacificação vão acabar e já na semana que vem a UPP do São Carlos, um dos morros mais violentos vai fechar.
Em 2014 se comentava que   a mudança no projeto iria enfraquecer ainda mais as UPPS que na prática não conseguiram atingir seu principal objetivo que era manter a Paz.  A política de segurança praticamente acabou no Estado do Rio de Janeiro com a falência do RJ. O projeto de pacificação praticamente acabou por estar baseado no falso conceito de "Guerra às Drogas".  A crise da segurança e a serie de confrontos entre as redes criminais sepultaram em definitivo um projeto que na prática pouco funcionou.  O então secretário José Mariano Beltrame pediu demissão da Secretaria de Segurança do Estado após seguidas divergências com os administradores do Rio de Janeiro que não cumpriram promessas feitas em sucessivos palanques eleitorais .  Mariano Beltrame há tempos atrás foi obrigado a mudar a estratégia de ocupação em favelas consideradas "zonas vermelhas", com a saída dos 3mil homens do Exercito e da Marinha, para a entrada de apenas 400 policiais com armamento bastante inferior. A Maré está em permanente conflito, as três redes criminais disputam a venda de drogas nas 16 favelas da região. Vai ser feito um cerco para evitar a entrada e saída de bandidos e  drogas dos integrantes do Comando Vermelho, Amigos dos Amigos e do Terceiro Comando que lutam pelo controle de território.
OBRAS DO PAC-2 NÃO SAIRAM DO PAPEL
A prometida pacificação e as consequentes obras de saneamento e urbanização não vieram. O número de pessoas vitimadas em tiroteios tem aumentado, Crianças são atingidas, como o menino Eduardo de Jesus de apenas 10 anos morre com um tiro na cabeça da arma de um policial na Favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão.  O governador Luiz Fernando Pezão prometeu abrir vagas para 12 mil policiais, um aviso de que vem mais repressão, mas ao contrario de intensificar o combate deixou a policia ao Deus dará sob alegação da falta de dinheiro.  Enquanto isso tiroteios são constantes, crianças ficam sem aulas tanto em favelas ditas pacificadas, como nas outras ainda não ocupadas pelo aparato policial.
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O coronel Alexandre Fontenelle chefe do Comando de Operações Especiais da PM foi preso por envolvimento com pratica de suborno e extorsão não foi um caso isolado envolvendo policiais militares. Os últimos acontecimentos envolvendo oficiais superiores da Policia Militar põem em duvida a propalada eficiência das Unidades de Policia Pacificadoras-UPP. A ideia predominante que rege a politica de segurança é que existe um inimigo que deve ser exterminado a qualquer preço, não importa quais sejam os métodos utilizados. O inimigo ficaria enquistado nos morros e favelas cariocas,uma ideia antiga que vem desde 1995 com a nomeação do general Nilton Albuquerque Cerqueira o "Cerqueira Branco" com a implantação da Lei de Segurança Nacional adotada desde 1964, para combater os inimigos do governo na época. As UPP seguem á risca a cartilha da LSN e o alvo atual são as favelas cariocas classificadas como Zonas Vermelhas, ou de alta periculosidade que devem ser combatidas a qualquer preço, e isoladas dos bairros localizados no "asfalto". São mais de 1.000 favelas e unidades habitacionais no Rio de Janeiro daí a dificuldade em uma ocupação total e definitiva para acabar com o fantasma do narcotráfico, um fenômeno globalizado existente em quase todas as grandes cidades. O narcotráfico envolve quantias astronômicas e a extorsão que o sociólogo Michel Misse chama de "mercadoria política" é uma prática generalizada que envolve muita gente em vários setores. De tempos em tempos tem vindo a público comprovações de suborno envolvendo autoridades policiais que utilizam o aparelho de estado em proveito próprio. Testemunhas são torturadas para arrancar confissões, e como no Caso Amarildo desaparecem em uma queima de arquivo.

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A finalidade das Unidades seria trazer a tão almejada paz e harmonia, mas ao invés estão trazendo insegurança, assaltos, sequestros, aumento de ocorrências policiais em cidades próximas como Niterói e São Gonçalo, onde os índices de criminalidade são alarmantes. Nas favelas ditas pacificadas a violência predomina. A tão prometida melhoria das condições de vida dos moradores, com a construção de creches, escolas, postos de saúde, urbanização ficaram como promessas, que não foram feitas, mas repetidas novamente na véspera das eleições. Moradores protestam acuados, tiroteios são constantes, policiais e inocentes são mortos, escolas ficam sem aulas. Fica uma pergunta: "Para que serve a UPP?"

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