OBRAS MAL FEITAS REVOLTAM MORADORES DA ROCINHA E SÃO CONRADO

TEMPORAL AFETA CICLOVIA QUE CAI PELA QUARTA VEZ
PEDAÇOS DA CICLOVIA AMEAÇAM A VIDA DOS BANHISTAS 
MORADORES PROTESTAM CONTRA DESTRUIÇÃO DA ÚNICA ÁREA DE LAZER
O LEGADO OLÍMPICO É UMA PIADA DE PÉSSIMO GOSTO
PARA ESQUECER AS MÁGOAS MORADORES FAZEM UMA "FEZINHA"
O temporal que tem afetado toda a cidade no início de abril de 2019 atingiu também a Ciclovia Tim Maia que teve mais um trecho afetado dias depois do prefeito ter afirmado que tudo estava indo muito bem. Mais um trecho desabou comprometendo toda a obra.Pedaços da ciclovia estão na beira da praia de São Conrado e ameaçam a vida dos banhistas e surfistas .
A forte ressaca que atingiu a orla principalmente no Leblon e São Conrado, com ondas de até quatro metros obrigou a prefeitura a interditar a Ciclovia Tim Maia e a Praia do Leblon. Há meses atrás  a juíza da 19a  Vara Federal determinou a paralisação das obras da Ciclovia com pena prevista de R$100mil por dia. Para a juíza a obra não é essencial aos Jogos Olímpicos e mesmo que fosse a segurança das pessoas sempre viria em primeiro lugar. Ciclistas protestaram na Avenida Niemayer contra o descaso das autoridades municipais e por falta de explicações sobre a queda de parte da ciclovia no dia 21 de abril, que resultou na morte de duas pessoas. Um dos manifestantes afirmou: "Estamos aqui para protestar contra o descaso da Prefeitura que até hoje não deu uma solução nem respostas convincentes para o que aconteceu". A Praia de São Conrado uma das mais belas da cidade e  única área de lazer para mais de 150 mil moradores do Bairro de São Conrado e da Favela da Rocinha está ameaçada. Os moradores além de milhares de turistas que se hospedam em um hotel cinco estrelas, estão revoltados com o descaso das autoridades após a destruição da Ciclovia Tim Mais, da rampa de acesso, do calçadão em São Conrado, e da intensa poluição pelo despejo de milhões de dejetos que ameaça a saúde dos banhistas. Depois de mais de uma semana da destruição de parte da ciclovia o poder judiciário determinou a total interdição do trecho que liga o Leblon a São Conrado " Para evitar o risco de acidentes com pedestres e ciclistas que circulam pela Avenida Niemayer".
ciclovia interditada após três meses de inaugurada
 Há muitos e muitos anos moradores de um dos bairros de maior poder aquisitivo, maior IPTU e da maior favela da cidade se uniram em uma série de protestos pela despoluição da praia e tratamento de esgotos. Pouco ou nada foi feito. O recolhimento de lixo é pouco eficiente e as obras no Valão não surtiram nenhum efeito. A Ciclovia Tim Maia que conforme o poeta iria do Leme ao Pontal desabou pela força do mar, e principalmente pela imprevidência e irresponsabilidade dos executores da obra, que segundo especialistas foi muito mal executada, dos órgãos da Prefeitura responsáveis pela escolha da firma responsável. Até agora dois corpos foram encontrados e não foi apresentada à população uma explicação que venha a convencer, nem se chegou a uma conclusão se a obra em seu todo é segura ou deve ser demolida, jogando pelo esgoto milhões de reais, do meu, do nosso dinheiro.
rampa em são conrado foi destruída
 O afundamento da rampa de acesso da Praia de São Conrado já aconteceu mais de uma vez  e coloca sob risco milhares de pessoas que utilizam a belíssima praia como diversão após dias de trabalho. Os quiosques que restaram estão vazios, com temor que o calçadão também afunde atingido pelas ondas de um mar revolto.
Fui até a Rocinha verificar como está o ânimo dos moradores em relação às obras prometidas pelos sucessivos programas de melhorias na localidade. A opinião é quase unânime, das promessas exaustivamente feitas pelos governantes nos  Programas de Aceleração do Crescimento-PAC, pouca coisa feita, a maioria não saiu do papel, embora milhões de reais tenham sido liberados e misteriosamente desapareceram. A urbanização do Largo dos Boiadeiro não foi feita, a abertura de uma outra via de acesso para veículos que trafegam pela Estrada da Gávea não foi sequer projetada, a construção de um teleférico foi descartada pela construção de um plano inclinado na área conhecida como "Roupa Suja" também está paralisada. A situação faz lembrar as obras na Rua do Canal onde o dinheiro sumiu e o canal ficou conhecido como "Valão de Ouro", onde enorme quantia foi pelo esgoto, para o bolso de alguns espertalhões. A cultura do descrédito predomina entre os moradores que não vislumbram nenhuma esperança em dias melhores nos próximos meses.  Muitos moradores procuram espantar as tristezas e fazer uma fezinha, para conseguir pelo menos o dinheiro do final de semana, ou quem sabe acertar o milhar da sorte, que poderia melhorar um pouco a situação de penúria. Tive conversa com JR 35 anos morador na Rua 2 que sempre aposta em um milhar para ver se acerta e sai fora da favela. JR trabalha como segurança em condomínio em São Conrado que resumiu a situação das obras: " Trabalho como segurança aqui perto em São Conrado. O síndico reclama toda hora dos impostos muito altos. Ele fala meio debochado que o dinheiro das obras vai para o bolso de alguns e que tá de saco cheio de tanta roubalheira e que tem vontade de enfiar a mão na cara do prefeito".  Para os apostadores o jogo do bicho é uma das poucas coisas sérias, onde ainda "Vale o Que Está Escrito".

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