LUIZ MELODIA, O NEGRO GATO

O POETA DO ESTÁCIO TEM LIVRO LANÇADO APÓS TRÊS ANOS DE SUA MORTE
VELÓRIO FOI NA QUADRA DE SUA ESCOLA DE CORAÇÃO GRES ESTÁCIO DE SÁ
QUE JÁ SE CHAMOU UNIDOS DO SÃO CARLOS
Se alguém quer matar-me de amor
Que me mate no Estácio
              Estácio, Holly Estácio de Luiz Melodia
Há três anos morria o poeta do Estácio, o Rio chorava o Negro Gato. O escritor Toninho Vaz amigo do poeta lançou hoje dia 04 de agosto "Meu nome é Ébano" em sua homenagem. A primeira parte é dedicada ao Morro São Carlos onde Melodia nasceu e foi criado a  brincar em suas inúmeras vielas.  O poeta foi o grande homenageado no Prêmio da Música Popular Brasileira.-MPB, Luiz Melodia ganhou a premiação cinco vezes. Luiz Carlos dos Santos, o Luiz Melodia morreu na madrugada de 4 de agosto aos 66 anos. O filho de Osvaldo Melodia  estava internado no Hospital Quinta D'Or para tratamento de um câncer na medula. As últimas homenagens estão sendo prestadas na Quadra da Estácio de Sá parentes, amigos e músicos foram reverenciar o "Negro Gato". Suas músicas foram cantadas pelas pessoas emocionadas como uma última despedida. Ao som de seus inúmeros sucessos os músicos Silvério Pontes e Alexandre Romanazzi que gravaram com ele para a gravadora Biscoito Fino choravam emocionados pela partida do amigo.
Velório na Quadra da Estácio foto Alcyr Cavalcanti

Conheci Luiz Melodia em um  distante 1973 para uma reportagem em destaque para o jornal Ultima Hora, estava acompanhado do repórter Claudio Vieira e a ideia era  passear com ele na  antiga Zona de prostituição no Estácio, a "Zona do Mangue", um ponto de encontro da boemia carioca,  onde hoje está situada a Cidade Nova. Na época para isolar o espaço de prostituição, uma área segregada do resto de uma cidade em transformação  havia um tapume.
Luiz Melodia no Mangue photo Alcyr Cavalcanti allrights reserved
Melodia havia sido criado no Morro de São Carlos, no Estácio, o berço do samba, onde foi criada a primeira agremiação de samba a Deixa Falar de Ismael Silva, seu filho mais ilustre.  Dona Eurídice,  sua mãe tinha uma barraquinha no Estácio para ajudar o orçamento da casa. Em meio a nossa caminhada no meio das mulheres da chamada "vida fácil", uma delas espantada pela deferência que tínhamos com o cantor ainda pouco conhecido falou com firmeza e muito preconceito: "quem será esse neguinho que os repórteres estão levando". Mal sabiam elas que era bem mais que um simples "neguinho", mas era uma honra para nós poder conviver com um gênio da música.  Era o início de uma carreira de um dos maiores compositores brasileiros que deixou um legado de  músicas inesquecíveis como Estácio, Holly Estácio, Pérola Negra, Estácio Eu e Você, Juventude Transviada.  Daí em diante uma série de sucessos.
Zona do Mangue tinha tapume foto Alcyr Cavalcanti all rights reserved

Anos depois encontrei com Melodia, ele já um sucesso musical, e eu já um experiente fotojornalista. O encontro foi em um bar na Gávea, Academia da Cachaça, acho eu que era o nome, para uma reportagem sobre ele e o lançamento de um novo disco. Conversamos muito e rendeu um bom registro jornalístico. Infelizmente não só a música popular mas o Brasil perde mais um verdadeiro artista. Seu corpo vai ser velado na Quadra de sua escola de coração a GRES Estácio de Sá, que já se chamou Unidos do São Carlos.

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