ROCINHA VIVE DIAS DE TERROR

" A Rocinha é um vulcão adormecido, mas que pode explodir a qualquer momento"
                                                              Tio Lino, um morador
MORADORES PROTESTAM CONTRA MORTE DE MOTOTAXISTA  
UM ANO DE MATANÇA NA FAVELA, JÁ SÃO MAIS DE 65 MORTOS 
EMBAIXADOR DA ONU FICA IMPEDIDO DE ANDAR PELA FAVELA POR CAUSA DE TIROTEIOS 
DESDE 1987 COM A MORTE DA LIDER COMUNITÁRIA MARIA HELENA QUE MORADORES PEDEM PAZ
A Rocinha volta a viver dias de terror com  a morte de um mototaxista e vários feridos após uma incursão policial na altura da Rua 4. Moradores fizeram um protesto contra a violência policial que teria atingido mortalmente um inocente e atingido vários civis. O túnel e a autoestrada estão interrompidos nos dois sentidos causando um imenso transtorno para quem se dirigia para a Barra da Tijuca. 
A Policia descobriu uma trama para uma nova invasão da favela para retomada dos pontos de venda de drogas. A filha de Nem Eduarda a Duda foi até São Paulo, junto com seu namorado Adriano conhecido como Modelo para pedir um fortalecimento de homens e armas para retomada dos pontos de venda de drogas da enorme favela que é controlada pelo bando de Rogério 157 antigo braço direito de Nem.
 A Policia Civil desfez uma negociação de um arma muito potente entre dois bandidos na Barra da Tijuca. A arma era uma metralhadora Browning .50 de alto poder destrutivo que estava guardada na Rocinha. Não é a primeira vez que narcotraficantes usam este tipo de metralhadora. Há alguns anos que algumas redes criminais a utilizam, apesar do difícil manuseio e alto custo. 
Mais um morto na guerra suja, já são mais de 60 desde setembro, mas pode haver corpos enterrados na mata.  O ator Danny Glover embaixador da ONU na questão de direitos humanos não pode transitar pela Rocinha devido a intenso tiroteio e ficou decepcionado e prometeu relatar tudo para o escritório da Nações Unidas. 
O pedreiro Davidson Farias de Souza estava com dois amigos e seu filho de apenas seis meses no colo quando foi atingido mortalmente. A criança sobreviveu, ilesa. A tragédia foi na localidade conhecida como Vila Verde, no meio da favela com uma das entradas pela Curva do S. Sua esposa acusa policiais militares de atirarem de maneira irresponsável, ao menosprezar um inocente. Eles estavam com fuzis com luneta, o que dá mais precisão para certar o alvo.  
Um final de semana de violência extrema na Rocinha. Desde o final da madrugada de sábado 24/03/2018 um intenso tiroteio entre policiais militares e narcotraficantes (segundo a versão da PM) na Roupa Suja e na Rua 2 deixou um saldo de oito mortos e muitos feridos. Tudo começou com uma invasão na Roupa Suja onde estava sendo realizado um baile funk, a pretexto de procurar os matadores do soldado PM e de um morador há dias atrás.  Aí começou o inferno, moradores acusam a PM de atirar em quem estava pela frente, que os jovens estavam apenas se divertindo, mas segundo declarações oficiais eram pessoas com envolvimento com o tráfico de drogas. Desde a invasão das forças de segurança há meses atrás mais de 55 pessoas morreram na localidade. Sete dos oito corpos já foram identificados e os parentes de dois mortos afirmam que não tinham nenhum envolvimento com o narcotráfico. Segundo parentes, Julio Moraes Lima de 19 anos trabalhava em uma churrascaria e Matheus Silva 19 anos foi baleado pelas costas quando fugia do tiroteio, ao sair do baile. Para eles seus filhos foram executados e vão processar o Estado.
Uma declaração despropositada do Prefeito Crivella irritou os moradores da Rocinha. Em uma visita, em vez de encarar de frente os reais problemas da "Maior favela da América do Sul" preferiu fazer  uma frase de efeito que soou como uma piada de mau gosto. Ao ser entrevistado por lideres  comunitários disse que "A Rocinha tá muito feinha" e prometeu dar um novo banho de loja, o que já havia feito há meses atrás. Ou seja prometeu pintar as casas e colocar esquadrias de alumínio na parte baixa que fica em frente à auto estrada Lagoa Barra, para dar "uma visão simpática" a quem se dirigir à Barra da Tijuca.          
Um grande fornecedor de armas para os traficantes cariocas foi preso no Estados Unidos. Frederik Barbieri tem dupla cidadania brasileira e americana por isso está em presídio nos Estados Unidos. Há meses atrás foi apreendido no Galeão um carregamento de sessenta fuzis de assalto enviados por Barbieri que teria o destino de Rogério 157, para um fortalecimento na "Guerra da Rocinha". 
Quatro meses de terror depois da disputa pelos pontos de venda de drogas entre Rogério 157 e Antônio Bonfim Lopes deixou um saldo de  trinta e nove mortos e um número bem maior de feridos.
Guilherme Veríssimo de 15 anos foi  morto por policiais segundo versão oficial por pertencer ao bando de Rogério 157 preso recentemente na Favela do Arará em Benfica. Moradores e familiares durante o sepultamento protestaram revoltados e afirmaram que foi uma execução, seu filho estaria se dirigindo para jogar futebol e não tinha nada a ver com o narcotráfico. Para eles foi mais uma covardia contra os moradores da Rocinha.
  O primeiro sábado de Novembro começou com ataque á base da UPP na parte alta do Morro. O BOPE veio em auxílio e no confronto deixou dois mortos que estavam sem documentação. Na semana passada um protesto de moto taxistas  resultou em um confronto com policiais com alguns feridos. Policiais da UPP atiraram em um motoqueiro que não parou em um aviso na região do Laboriaux, na parte alta.
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A semana que se iniciou na segunda  23 de outubro traz muito medo não só aos moradores da Rocinha, mas aos bairros vizinhos. A violência desmedida atingiu uma das áreas mais visitadas por turistas estrangeiros, o Largo do Boiadeiro. A  espanhola Maria Esperanza Ruiz estava em um grupo de turistas no Largo quando foi atingida por bala perdida que pode ter vindo da arma de um oficial da PM.  Mais cedo um confronto entre narcotraficantes e policias na área conhecida como "199" na parte alta deixou dois policiais feridos que estão sendo atendidos no Hospital Miguel Couto. Há trinta anos a líder comunitária Maria Helena foi assassinada, o morro desceu e o medo se espalhou a toda cidade. Protestos, passeatas se sucederam, governos prometeram muita coisa, pouco foi feito e os protestos continuam.  A "Rocinha é uma Mina de Ouro" dizia a policial Marina Magessi, uma das maiores conhecedoras do crime na cidade do Rio de Janeiro.  A policia ao fazer uma incursão em dos pontos de venda de drogas na favela, a Rua 2 foi recebida a tiros e no tiroteio morreu um traficante. Um casal que seria do Bando de Nem foi preso sob a acusação de torturar dois adolescentes que seriam simpatizantes de Rogério 157.
Nada pior para os moradores do que uma divisão territorial motivada pela tomada das inúmeras bocas de fumo que rendem milhões por semana apesar da invasão e da ocupação policial. As mortes quase diariamente voltaram depois de alguns dias de uma calma aparente continuam os tiroteios para infernizar os moradores da "maior favela". No final de semana dois mortos na Rua Um devido à disputa entre o Bando de Nem e e Rogério 157 e de confrontos com policiais. Na madrugada do dia 06 de outubro um confronto entre policiais e traficantes deixou um saldo de dois mortos e uma menina de 16 ferida nas costas.
Há duas semanas atrás, depois  seis dias de tiroteios seguidos em um final da tarde depois de muitos desencontros, o ministro Raul Jungman chegou a um consenso com o governador Pezão e deslocou 950 homens com apoio de blindados para acabar com os confrontos que levaram pânico aos moradores da Rocinha. Na manhã de hoje, sexta feira, a favela voltou a ser um Inferno Astral, ônibus incendiados e o comércio voltou a fechar suas portas. O bando que estava refugiado nos milhares de becos e na Mata Atlântica desceu e aterroriza os moradores. Desde segunda, um dia depois do domingo sangrento mais de trezentos e cinquenta policiais ocuparam grande parte da imensa favela desde as primeiras horas da segunda feira 18 de setembro, o Túnel Rebouças e acessos foram interditados para passagem do comboio policial . Foi um domingo que traz de volta a velha "Guerra da Rocinha" que vem desde os anos setenta. Em 1988 estive à serviço do Jornal do Brasil junto com o jornalista Jorge Antônio Barros para registrar o que de fato acontecia durante as matanças que se sucediam diuturnamente. As mortes se sucediam entre policiais e ex- policiais á serviço da contravenção e o grupo de narcotraficantes chefiados por Sérgio Ferreira da Silva o Bolado, um jovem de 21 anos que controlava a imensa área sob as ordens de Denir Leandro o Denys que dava as ordens de dentro da cadeia. Bolado era de total confiança de Denys e de sua rede criminal, na época a Rocinha pertencia ao Comando Vermelho. Desde 2003 aconteceu uma mudança de lado e a Rocinha após uma série de desavenças com os líderes do Comando Vermelho passou a ser controlada pela Amigos dos Amigos.
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Depois de muitas mortes e muito sofrimento a paz foi firmada em uma acordo entre a cúpula da contravenção e o grupo de Bolado em uma reunião no alto da Rua Um. Foi também criada em uma tentativa de pacificação a GRES Acadêmicos da Rocinha, que teve entre seus fundadores representantes do narcotráfico e do jogo do bicho.
Em 2011 houve uma grande invasão da Rocinha com auxílio da Forças Armadas para a implantação de uma Unidade de Policia Pacificadora-UPP que trouxe esperanças para os mais de 120 mil moradores divididos em suas 16 sub áreas. As esperanças e os sonhos dos moradores ficaram frustrados por dois principais motivos, a UPP como modelo de segurança não alcançou seus objetivos e depois do "Caso Amarildo" em 2013 caiu no descrédito. A tortura e extorsão eram os métodos de investigação mais utilizados. A segunda maior decepção foi o não cumprimento das promessas feitas pelos Governo Federal e Estadual com os sucessivos Programas de Aceleração do Crescimento o PAC-1.PAC-2 e PAC-3. Pouca coisa foi feita a maioria ficou na casa das promessas, como num grande santuário.
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Com a prisão do "dono do morro" Antônio Bonfim Lopes o Nem , da rede criminal Amigos dos Amigos-ADA o narcotráfico ficou durante anos controlado por um de seus fiéis Rogério Avelino o Rogério 157 que até meses atrás seguia as orientações de Nem. Mas de um tempo para cá aconteceu uma implantação de uma base do PCC rede criminal oriunda de São Paulo que começou a colocar alguns homens na favela. As desavenças entre Nem e Rogério começaram e chegaram ao auge em 13 de agosto de 2017 com a execução de três homens de confiança do Nem, entre eles Perninha, que vem desde a época de Bemtevi em 2003. Os três foram executados, vários outros foram barbaramente torturados e os sobreviventes expulsos da favela. desse então a matança continuou com dezenas de execuções quase diárias. Na madrugada de domingo 17/09 um "bonde" de cerca de setenta e cinco homens entrou  na localidade aos gritos de "Chegou o Bonde do Nem". O bando formado com soldados do Morro São Carlos, Vila Vintém, Morro dos Macacos e outras favelas tentou tomar os pontos de venda de drogas, foram rechaçados e foram encontrados dois corpos, mas segundo moradores tem muitos cadáveres espalhados em locais ermos, alguns enterrados, outros no micro-ondas. Hoje foram encontrados mais dois corpos e um morreu em confronto com a polícia.
A Rocinha está invadida, em suas principais vias de acesso por forças policiais civis de várias delegacias, homens do Batalhão do Choque e do Bope, com apoio da UPP local em um total de aproximado de mais de 550 homens. Rogério 157 e muitos traficantes estão na mata do que restou da Floresta da Tijuca e muitas mortes ainda vão acontecer. Voltou a velha a funesta "Guerra da Rocinha".

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