Rocinha teme invasão policial

As invasões e ocupações continuam, ano após ano
Atualizado em 05/02/2014
A prometida paz e harmonia após a implantação de mais uma UPP na Rocinha parece não ter surtido o efeito desejado. Apesar da ocupação policial e dos discursos feitos quase mensalmente a Rocinha vive dias de incerteza. A população vive acuada com o despreparo de policiais que não tem conseguido estabelecer relações de vizinhança, baseadas na confiança com os moradores,que revoltados tem protestado desde julho de 2013 carregando cartazes acusando policiais da Unidade Pacificadora-UPP por terem dado sumiço ao pedreiro Amarildo de Souza Lima. Ele foi visto pela ultima vez domingo dia 14/07 depois de prestar depoimento na UPP. Amarildo saia para pescar, seu lazer preferido sempre que tinha uma folga. Ao voltar foi preso pelos PMs, teria sido confundido com traficantes, e em vez de ser levado para a delegacia foi conduzido para a Unidade Pacificadora. Sua esposa Elisabeth Gomes mãe de seis filhos diz ter sido ameaçada com frequência pelos policiais da UPP, sempre com a alegação de colaboração com o narcotráfico, que misteriosamente ainda continua pujante, embora sem o brilho da "Era Bemtevi" onde era o maior ponto de venda de drogas do Rio de Janeiro. Elisabeth não sabe mais como fazer para explicar aos seus filhos a ausência do pai, eles vivem chorando pelos cantos e não querem mais sair de casa com medo de uma vingança. Ela pensa em deixar a favela temendo ser executada. Na sexta dia 19/07 o desaparecimento de Amarildo foi apresentado em audiência pública na OAB às autoridades presentes, inclusive ao representante da PM coronel Robson que prometeu que fará todo o possível para dar solução ao caso, que está sendo conduzido na 15aDP na Gávea pelo delegado Orlando Zaccone. Policiais da 15a DP fizeram buscas na parte alta da Dionéia, tinham recebido informações de que seu corpo estaria lá. Nada encontraram.


No final de semana (13/07/2013) uma operação de guerra chamada "Operação Paz Armada" contou com 300 policiais que cercaram a favela para cumprir 60 mandados de prisão, e evitar um banho de sangue entre grupos rivais que disputam a venda dos mais de 100 pontos de venda de drogas na Rocinha. De dentro da prisão o traficante Antônio Bonfim o Nem estaria monitorando tudo, e não está nada satisfeito com a disputa entre seus comandados.

"O espírito da Inquisição tem permanecido violando a dignidade da pessoa humana, com o discurso de uma nova ordem" Desembargador Sergiode Souza Verani (2008) Os moradores da "maior favela da América do Sul" estão apreensivos quanto a uma possível invasão por parte das forças policiais.O delegado Alan Turnowski, chefe da policia civil disse em recente entrevista que a Rocinha está sendo monitorada. "Nós sabemos por onde devemos entrar e a melhor ocasião. Sabemos também quantos homens e quantos fuzís circulam pela favela. "Invadiremos na hora exata", afirmou. Invasões e mais invasões se sucedem sem alcançar seu objetivo:acabar com o comércio de venda de drogas, a varejo, que segundo essa ótica poderia acabar em definitivo com a violência na cidade do Rio de Janeiro.Invasões se sucedem há vários anos, podemos citar para nossa lembrança, a "Operação Rio"em 1992, e reeditada em 1994, onde vários morros foram invadidos (inclusive Rocinha e Alemão), em contrapartida o narcotráfico aumentou consideravelmente suas vendas. Em 2005 e 2007 o Conjunto de Favelas do Alemão considerado segundo os parâmetros da ESG uma "Zona Vermelha" foi invadido por centenas de homens a serviço do Estado, houve a simbólica posse de território onde bandeiras foram hasteadas, a serviço da "Nova Ordem". Dezenas de civis foram mortos, escolas ficaram fechadas, residências foram invadidas, e segundo denúncias de seus moradores houve pilhagem. Casas foram arrombadas e saqueadas, mulheres foram violentadas, denúncias foram feitas às diversas Comissões de Direitos Humanos e nada aconteceu. Será que veremos o mesmo filme outra vez? O "chefe do tráfico" Antonio Rodrigues o Nem teria feito um acordo com seu arquiinimigo Fabiano Atanásio o FB seria uma aliança cooperativa ADA-CV para enfrentar a aliança PM, Civil, Força de Segurança, Forças Armsdas.Há alguns meses atrás essa aliança seria impensável, mas depois da invasão de vários morros sob o domínio do CV, como Providência, Salgueiro e outros houve a necessidade de uma união, ao menos provisória, enquanto o aparato repressivo continuar invadindo. Depois é cada um por si, ou como dizia o último "bandido formado " da Rocinha:"eles lá e nós aqui". Na opinião de um morador da Rua2 próximo à microárea Valão "Vai rolar muito sangue, de parte a parte. A Rocinha vai resistir".

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