O CRIME É ORGANIZADO?

atualizado em 05/10/2023
"Existe um crime organizado, alguns são presos e outros não. O Estado tem interesse em organizar o crime. Não é o crime que se organizou em si mesmo".
Padre Andre Hombrados, coordenador da Pastoral Carcerária.

NO RIO DE JANEIRO ATÉ O CRIME É UMA GRANDE ESCULHAMBAÇÃO


UMA CIDADE ONDE AS EXECUÇÕES SÃO FEITAS POR ENGANO
 Muito se fala em "crime organizado", mas no Rio de Janeiro, em uma abordagem mais ampla quando analisamos a sua face mais visível, o narcotráfico, o que parece acontecer é uma grande desorganização no chamado mundo do crime, acirrada pela disputa dos pontos de venda de drogas,a varejo, e consequente domínio territorial, onde os "soldados" são apenas jovens inexperientes jogados na criminalidade sem ter nenhuma opção. .É um salve-se quem puder, visando somente as altas taxas de lucro resultantes da venda das "mercadorias do prazer"(Michel Misse). As disputas acontecem não só entre as maiores redes associativas como o Comando Vermelho, Terceiro Comando e Amigos dos Amigos, mas em algumas ocasiões dentro das próprias redes, onde dissidências são formadas, fazendo lembrar alguns grupelhos de esquerda, provavelmente equivocados. O espírito de solidariedade, a união contra condições adversas que motivou a criação da Falange Vermelha não mais existe. O individualismo exacerbado, típico do Sistema Capitalista impera, levando à formação de redes de maior ou menor conexidade, movidas somente pelo "olho grande". Os pontos de maior venda de drogas, são motivos de cobiça. O crime vai aos poucos tornando-se uma indústria, a "indústria do crime", onde seus agentes mais visíveis, os "soldados do movimento" vão tombando um a um, sendo substituídos como meras peças de reposição.
"O 'olho grande' é apontado como o motivo principal das guerras entre quadrilhas ligadas ao narcotráfico na cidade do Rio de Janeiro. O 'olho que cresce-desejo de poder, desejo de expandir os negócios que a aliança vem a frear ou, inversamente, desenvolver. Frágil equilíbrio. Basta apenas um bom motivo, real ou imaginário- 'o cara não tá agindo certo'- para que uma guerra se inicie. De ambos os lados as alianças são acionadas. Grupos de soldados deslocados reforçam os exércitos em guerra. Pode durar meses, pode se resumir a uma noite" (Antonio Rafael).



As redes criminais, pelo menos por enquanto, estão longe da organização das máfias italianas onde existem regras estabelecidas, representantes no aparelho de estado e relações familiares em compromissos de sangue para a formação de uma famiglia.. As lutas constantes entre as quadrilhas rivais para a tomada de território, denominadas "guerras" indicam que não houve ainda uma centralização de poder, a nível burocrático e um consequente alto nível de organização. Os bandidos sabem que não tem nenhuma proteção externa, só podem contar com a compra da proteção, e com a lealdade de seus membros, lealdade que muitas vezes é substituída pela "trairagem". Apesar da desorganização as redes criminais crescem, em parte devido a uma politica de segurança ineficiente, em parte pelo descaso dos governantes. O Primeiro Comando da Capital-PCC tem espalhado seus tentáculos em vários estados, em alguns como no Rio de Janeiro em associação com o Comando Vermelho-CV. Segundo documentos da Secretaria Nacional de Segurança do Ministério da Justiça o PCC movimenta mais de R$72 milhões por ano com venda de drogas e contribuição dos associados, que tem de ser paga religiosamente. É a caixinha do PCC, onde qualquer desvio de conduta é punido com rigor.
Para William da Silva Lima a respeito do crime: "Nunca houve tal guerra, nem tal tipo de pacto, nem a anunciada "falange" sua patrocinadora. O que se fez foi completamente expontãneo. A ajuda recebida na cadeia nunca ultrapassou o mínimo necessário para diminuir a miséria. Infelizmente nunca contamos com montanhas de dinheiro para financiar fugas.Aliás é bom lembrar que assaltar bancos é menos rendoso do que se diz, pois os montantes divulgados são sempre maiores do que do que a realidade.Quem mais rouba? Não sei. Os bancários roubam do banco. Ou- quem sabe? O banco rouba do fisco ou do seguro, tudo o que perde para nós. Os riscos é que são todos nossos, meros coadjuvantes na indústria do crime".

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