ROCINHA ESCOLHE SEUS CANDIDATOS EM MEIO À PANDEMIA

A "MAIOR FAVELA DA AMÉRICA DO SUL" ESCOLHE SEU CANDIDATO, A MAIORIA DOS ELEITORES NÃO USA MÁSCARAS APESAR DA PANDEMIA 
EDUARDO PAES FOI ELEITO, A REJEIÇÃO A  CRIVELLA É MUITO GRANDE 
EM 2018 NA ROCINHA SEGUNDO TURNO FOI ENTRE 13/ BORBOLETA E 17 CACHORRO
NENHUM CANDIDATO MORADOR DA FAVELA CONSEGUIU SER ELEITO
Eduardo Paes é o novo prefeito da cidade, em uma eleição com grande número de abstenções. O atual prefeito Crivella que tentava a reeleição deu mais um péssimo exemplo ao votar em uma seção eleitoral na Barra da Tijuca, andou pelas ruas sem o uso de máscara que deveria ser  obrigatória, e só a colocou ao entrar na seção eleitoral. Morador e São Conrado, Paes sendo vizinho da Rocinha, os moradores da comunidade esperam com ansiedade que as promessas de campanha sejam cumpridas. Crivella teve muitos votos na região devido à grande influência da IURD que tem um templo na entrada da favela, ao lado da estação de Metro. 

Eduardo Paes que já governou a cidade e o atual prefeito Marcelo Crivella disputaram os votos da Rocinha onde nenhum candidato morador na localidade foi eleito para a Câmara de Vereadores. Eleitores formam filas na passarela projetada por Oscar Niemeyer em direção ao CIEP Airton Senna. No dia 15, primeiro turno os votos da comunidade foram para candidatos mais conhecidos como em eleições anteriores. Somente uma vez a comunidade conseguiu emplacar um morador da Rocinha na Câmara de Vereadores, Claudinho da R1 com mais de 12 mil votos. Em 2020 quem conseguiu mais votos foi Marcelinho do CIEP com apenas 3.045 votos. 
No dia 15 de novembro, em meio à pandemia que já infectou centenas de pessoas na localidade, a Rocinha compareceu às urnas para escolher seus candidatos. O CIEP Airton Senna na Rua Berta Lutz concentrou grande número de eleitores em suas várias seções eleitorais. O prefeito Marcelo Crivella, teve muitos votos mesmo não tendo feito quase nada do que prometeu. A influência da IURD da qual é licenciado é o fator principal, os devotos votam fielmente em seu "bispo".  Há várias décadas à espera de solução para seus problemas a imensa favela ficou mais uma vez dividida entre a esperança de dias melhores e a descrença em uma sucessão de promessas não cumpridas.  A confusão registrada no primeiro turno principalmente devido à mudança de seções eleitorais que ficaram concentradas na Rua Berta Lutz e ao grande número de candidatos que motivava uma variedade  de opções desta vez não aconteceu. 

A feira do Largo do Boiadeiro corria normalmente vendendo de tudo principalmente produtos típicos do Nordeste. Um pouco adiante no Valão, o ponto de bicho funcionava, com a intensidade de sempre. Um dado curioso em uma eleição dividida na reta final mostrava as contradições da sociedade brasileira. Um dos apontadores do jogo do bicho (aranha) confirmava o voto em Jair Bolsonaro, embora um dos apostadores dissesse que o aranha seria um dos primeiros a ser preso, visto que pelo jeito a contravenção deve continuar fora das leis estabelecidas. O apostador em tom jocoso lembrou que Fernando Haddad é 13, borboleta , na base da Paz e Amor enquanto Bolsonaro é 17 Cachorro que poderia ser mais combativo.  Outro dado que vem mostrar a divisão é que Bolsonaro em uma de suas declarações explosivas declarou que para acabar com o narcotráfico da favela iria mandar bombardear a Rocinha. Seria mais uma medida bem radical. Panfletagem muito pouca, apenas algumas bandeiras, a maioria do PT/13 talvez em uma arrancada final.
   Não foi desta vez que a Rocinha conseguiu eleger um candidato que pudesse chamar de seu. Nem Alex da Peixaria do Avante, nem Adelson Guedes do PT conseguiram votação suficiente para o mandato. Ambos tiveram pouco mais de 5 mil votos, o que não é suficiente para uma eleição. As esperanças estão em candidatos que não são da localidade como os irmãos Gutemberg e Rosenverg Reis do MDB que contaram com apoio de lideranças comunitárias como Valdemar do Gás e Jorge Collaro. Valdemar continua a ser o grande cabo eleitoral da Rocinha, o elo entre os poderes locais e os poderes supra locais embora Adriana Pirozzi que atualmente preside a associação de moradores também possa influir.
A " Maior Favela da América do Sul" como é conhecida por seus moradores teve uma grande mobilização em sua enorme população. Com uma população estimada em mais de 120 mil habitantes, muitos ainda não transferiram seus títulos  dos estados de origem, geralmente a Paraíba e o Ceará. Um contingente de mais de 25 mil eleitores atrai políticos que geralmente prometem aquilo que nunca irão cumprir, um exemplo clássico é o ex-governador Sérgio Cabral. 
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Há uma década atrás a Rocinha descarregou seus votos em um candidato local, Claudio de Oliveira, o Claudinho da R1 na época presidente da UPMMR (Associação de Moradores) que foi eleito para a Câmara de Vereadores com eleitores também do Vidigal e do São Carlos. Mas seu exercício durou muito pouco, faleceu em pleno mandato. Desde então algumas lideranças se apresentam como Valdemar do Gás, Wiliam de Oliveira, Xaolin, Adelson Guedes, mas nenhum deles conseguiu se eleger apesar de alguns conseguirem expressiva votação. 
Na manhã de domingo 07 de outubro, longas filas se formaram no Centro Rinaldo Delamare na Rua Berta Lutz, visto que este ano a Quadra da Acadêmicos da Rocinha ficou fechada. Muitas reclamações e algumas desistências. Muita militância e farta distribuição de santinhos em suas vias principais Via Ápia e a Passarela construída por Oscar Niemayer. Um dos candidatos que deverá ter boa votação é Alexei Kossiguin o "Alex da Peixaria"apoiado por André Lazaroni candidato a deputado federal pelo MDB. Rosenverg Reis do MDB tem o apoio de Valdemar do Gás, uma  das fortes lideranças da Rocinha, morador da Vila Verde e Xaolin do PSOL é apoiado por Marcelo Freixo.  
Os moradores esperam que os candidatos que tudo prometem cumpram pelo menos parte do que prometeram e não façam como muitos que por aqui passaram, prometeram tudo e nada fizeram. As obras do PAC-1 ficaram inacabadas, as do PAC-2 não saíram do papel, nem plano inclinado nem teleférico.  
Via Ápia photo by alcyr cavalcanti all rights reserved

Falta muita coisa, saneamento básico, melhor assistência médica, urbanização, frentes de trabalho e principalmente menos violência  por parte tanto dos governantes quando do poder paralelo que de fato é quem tudo controla na "Maior Favela da América do Sul".

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