"COMPLEXO DE ISRAEL" A ESTRANHA UNIÃO DO CRIME COM A RELIGIÃO

POLICIA INVADE FAVELA DO "POVO DE ISRAEL"PRENDE 12 BANDIDOS
PEIXÃO DOMINA CINCO FAVELAS E  CONTROLA 150 MIL MORADORES 
 USA A BÍBLIA DE UM LADO,  O AK-47 NA OUTRA MÃO E TEM EXPULSADO ADEPTOS DO CANDOMBLÉ E DA UMBANDA
O "Complexo de Israel" em associação  com Terceiro Comando_TCP planejava invadir as favelas dominadas pelo Comando Vermelho, mas a policia impediu e invadiu Parada de Lucas onde os bandidos planejavam a invasão, Onze presos, fuzis, uma metralhadora ponto 50, de grande poder destrutivo sendo capaz de derrubar helicópteros e grande quantidade de drogas foi o resultado da operação. Álvaro Malaquias o Peixão conseguiu escapar, mas dois homens de sua confiança foram presos.
Um grande cerco policial na caçada ao narcotraficante  Álvaro Malaquias, o "Peixão", que é o chefe do Complexo de Israel uma aliança pontual e inusitada entre o narcotráfico e os cultos neopentecostais. Peixão teve de abandonar o luxo de uma boa casa bem equipada com piscina, dois carros e outras benesses e se esconder em alguma casa de um de seus fiéis que o idolatram como um profeta. Peixão tem expandido seus territórios e avança em áreas urbanas, constrói barricadas, quiosques para explorar o comércio e chegou a fazer uma ponte com acesso para veículos, para facilitar a fuga, em caso de invasões de grupos contrários. O Comando Vermelho prepara uma investida, para recuperar territórios perdidos para o "Complexo" e "Abelha" está formando um bonde de mais de 70 homens para invadir pontos vulneráveis. Moradores temem uma matança sem fim.    
O Rio de Janeiro tem sido um campo fértil para a criminalidade, tanto organizada, quanto desorganizada. Aparece nas páginas policiais uma nova facção criminosa para infernizar os moradores e causar mais sangue na disputa com as outras redes, Comando Vermelho, Amigos dos Amigos e Terceiro Comando. A mais nova rede criminal usa o nome de "Povo de Israel" que teve seus primórdios em 2004,  crescimento na Pandemia vai expandindo seus tentáculos e se autodenomina "Complexo de Israel" com o controle de cinco favelas, Parada de Lucas, Vigário Geral, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau. É chefiada por Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão de 34 anos que exerce seu controle com mão de ferro. A prática de execuções tem sido uma constante, assim como o toque de recolher e a invasão de casas para impor suas ordens. Para demarcar seu domínio símbolos são colocados como a bandeira de Israel, a menorá (castiçal com sete velas) e a estrela de David. Peixão é também conhecido como "Arão" personagem bíblico e seu bando é conhecido como "Tropa do Arão". Entrevistei pessoas que praticam o Judaísmo e repudiam essa falsa interpretação do livro sagrado. Da mesma forma religiões oriundas da Reforma como anglicanos, luteranos, metodistas não aceitam essa tentativa de união entre as igrejas neopentecostais e o lumpesinato, que teria começado com a IURD que abriu o caminho para a direita e uma união com o Sionismo. Como esses territórios,  em sua maioria, são dominados pelo narcotráfico a união passa a ser explosiva.
Álvaro Malaquias o Peixão (reprodução)

Grupos religiosos sempre tiveram atuação em presídios na tentativa de salvar as almas" pela evangelização. A Pastoral Penal da Igreja Católica foi durante muito tempo, a mais influente, mas com o tempo os Grupos Neo Pentecostais passaram a predominar. Tive contato com o Padre André Hombrades da Pastoral, e presenciei seu esforço na melhoria das condições carcerárias. O "Povo de Israel" começou a sua  expansão quando narcotraficantes de Parada de Lucas sob controle de Furica do Terceiro Comando, invadiram Vigário Geral em 2007 que era dominada pelo Comando Vermelho. As duas favelas eram separadas pela chamada Faixa de Gaza,  um CIEP, e havia uma trégua combinada por Flávio Negão do CV e Robertinho de Lucas do TC, desde a chacina que vitimou 21 evangélicos na Casa da Paz em Vigário Geral  em agosto de  1993.
Em relatório apresentado à Secretaria Nacional de Segurança Pública SENASP em abril de 2006 após minuciosa pesquisa Antônio Cesar Pimentel Caldeira verificou que  dentro dos presídios seu crescimento foi acelerado pelo aliciamento de presos "renegados" pelas outras redes criminais, como estupradores, pedófilos, ex-policiais,  ex-bombeiros e também por bandidos oriundos de outras facções. Ficaram reunidos no Presídio Hélio Gomes do Complexo Frei Caneca, quando o promotor Astério Pereira dos Santos Secretário de Administração Penitenciária-SEAP tentou acabar com a divisão por facções, para ele o principal motivo pelas rebeliões e matanças, e criar um "presídio neutro" ou para os detentos o "seguro do seguro", onde vários policiais que estavam em liberdade condicional e voltaram a praticar crimes poderiam ser massacrados em outros presídios. No entanto essas diferentes origens, os diversos modus operandi acabaram levando a uma crise interna que foi agravada pela escassez  de vagas no sistema prisional, e a transferência de presos. Foram transferidos 950 presos do Terceiro Comando que acabou se tornando um presídio do Terceiro que estourou com uma rebelião em 11/07/2004 que durou 14 horas com saldo de um morto vários feridos inclusive reféns.  A ocupação do prédio da Manchete que estava abandonado por narcotraficantes e a proximidade com o Morro do Zinco, do Complexo de São Carlos foi o ponto final   do experimento no Hélio Gomes.
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O 'Povo de Israel" ficou no início especializado no "Disque Sequestro" ou seja ligações de falsos sequestros para extorquir dinheiro. Atualmente para impor suas ordens Peixão ordenou a destruição de terreiros de Candomblé e de religiões de origem africana, a destruição de imagens e mesmo a expulsão dos responsáveis pelos cultos. Na destruição de um terreiro de Candomblé em Nova Iguaçu foi deixada a mensagem "Jesus é dono do lugar". O presidente da Comissão de Intolerância Religiosa Ivanyr dos Santos exige providências imediatas por parte das autoridades para coibir esses atentados à livre manifestação religiosa e afirmou " Situações como essa são inadmissíveis em uma sociedade organizada em pleno século XXI e um flagrante atentado ao artigos XVIII da Declaração Universal dos Direitos Humanos que diz "Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião".  

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