A "RAINHA"DAS NOITES CARIOCAS DOS ANOS OITENTA, MORREU EM PARIS AOS 92 ANOS

atualização em 30/01/2023 

DOIS ANOS SEM RÉGINE CHOUKROUN, A "RAINHA DA NOITE", NO EIXO PARIS-RIO 

A CIDADE MARAVILHA HOJE ENTREGUE ÀS BARATAS, JÁ FOI UMA FESTA E HOJE É UM GRANDE PARDIEIRO

O COLUNISMO SOCIAL ERA LEITURA OBRIGATÓRIA TODOS QUERIAM SAIR NO IBRAHIM OU NO ZÓZIMO  

Morreu em Paris aos 92 anos, Régine Zilberberg, nascida no ano de 1929 em Anderlecht, na Bélgica atriz, cantora e dona da rede de boites Regine's no eixo Paris-Rio e posteriormente em Salvador e São Paulo que adotou o nome Choukroun de seu segundo casamento com Roger Choukroun. O Regine's do Rio ficava no subsolo do Hotel Méridien no Leme, Zona Sul da cidade, de início um clube privée, onde só entravam sócios. A sua primeira casa noturna foi o Chez Régine inaugurada em 1956 em Paris. A primeira vez que estive na boite foi em busca de uma foto exclusiva da bilionária Cristina Onassis que estava no Brasil. Era a mulher mais rica do mundo, herdeira do império do mega investidor Aristóteles Onassis estava na companhia de Sergei Kausov e evitava ser fotografada.  

Régine e Iglésias photo alcyr cavalcanti all rights reserved

Consegui entrar como convidado de meu amigo Luiz Fernando Macambira que estava com a carteirinha emprestada pelo milionário Antenor Mairynk Veiga, filho da socialite Carmen Mayrink Veiga. Só consegui três fotos e fui imediatamente retirado gentilmente pelos seguranças, mas a "caçada" à milionária continuou no início da manhã seguinte com mais de 40 imagens. As noites cariocas do final dos anos setenta até meados dos anos oitenta eram uma festa só, de domingo a domingo. O colunismo social fervilhava, onde despontavam Ibrahim Sued, Nina Chaves e Zózimo do Amaral. Depois vieram Carlos Leonam, Hildegard Angel (Perla Sigaud) e o cáustico Reynaldo Loy. Flashs eram disparados para conseguir abastecer as colunas. Trabalhei para quase todos os citados, menos  Nina Chaves, que estava "exilada em Paris". Conheci a famosa colunista em uma noitada no Régine's quando ela veio passar uns dias na cidade , para rever velhos amigos, ela estava na companhia de Mario Gomes e Bete Faria. 

Rod Stewart photo alcyr cavalcanti

Os costumes foram mudando, vieram outros tempos, um crescimento populacional sem a necessária urbanização não veio. Milhões de pessoas vieram para o Paraíso Tropical em busca de dias melhores que nunca chegaram. Tudo começou a piorar, as grandes fortunas mudaram de mão ( e de bolso) e muitos passaram a aplicar suas fortunas em outras praças, em especial na Europa, ou em paraísos fiscais. Os verdadeiros bilionários passaram a evitar as câmeras, em função da nova realidade.  Um a um os governantes se sucederam, mas os graves problemas de urbanização, saneamento e desemprego não foram enfrentados. 

photo alcyr cavalcanti all rights reserved

A violência cresceu, o "carioca cordial", receptivo e amigão de todos despareceu. Artistas de Hollywood e da Cineccitá que batiam ponto no verão carioca, e principalmente no alucinante Carnaval. As noitadas que se estendiam até o início das manhãs de domingo a domingo deixaram de existir para sempre. 

O jet-set se reunia nas boates da época, que funcionavam como clubes privados onde pontuavam no eixo Ipanema/Copacabana o Hippopótamo de Ricardo Amaral e o Régine's, edição carioca no subsolo do Hotel Méridien da empresária Régine Schoukroun. O homem da noite Serginho Cavalcanti lutava bravamente administrando o New Jirau, na Siqueira Campos onde seu enorme círculo de amigos endinheirados torravam seus dólares. Serginho me confidenciou em uma de suas inúmeras bebedeiras, que cobrava o preço estupidamente alto por uma garrafa de Veuve Clicquot ou Don Pérignon, bem acima das outras casas noturnas, afinal "precisava se diferenciar da concorrência desleal das multinacionais". Era um profundo conhecedor da alta sociedade carioca, sabia tudo da intimidade, dos segredos que adorava confidenciar aos mais chegados entre doses generosas de um bom champanhe francês, quase sempre adquirido "às escondidas", por fornecedores fiéis que sabiam os meandros da fiscalização aduaneira. 

Alain Delon photo by alcyr cavalcanti

A viúva de um ex-presidente costumava comemorar seus setenta anos bem vividos no Jirau, com direito a bolo com inúmeras velas e sempre em boa companhia.    O dinheiro ainda rolava pelas noites cariocas, grupos de São Paulo ciceroneados por Guncho Maciel desciam de seus jatinhos particulares para curtir as noites sem fim, e o charme carioca e se misturavam aos convidados para animar a festa. Alain Delon. Robert de Niro, Julio Iglesias, Roman Polanski, Mick Jagger, Rod Stewart eram habituées da Cidade Maravilha. De Niro veio algumas vezes ao nosso Carnaval, e como sempre, escolhia suas acompanhantes. Preferia as belas morenas cariocas, às louras nórdicas que já conhecia nas noitadas em Paris ou New York.  Milionários de todo o planeta vinham para o verão carioca. A mulher mais rica do mundo, em sua época, Cristina, herdeira do Clã Onassis, veio passar uma temporada em Copacabana, e também fechar negócios para sua frota de navios petroleiros. Os paparazzi não a deixaram em paz. 

Robert de Niro e bela companhia

Mas vamos relembrar através da memória afetiva e do poder das imagens, tempos em festa que não voltarão jamais, eram ilusões em meio a uma dura realidade que começava a surgir. As luzes e o brilho das festas quem sabe um dia ( ou uma noite) estarão de volta e o Show das Ilusões  vai continuar. . 

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