ROCINHA SOB NOVA DIREÇÃO

NEM GOVERNO DE ESTADO NEM PREFEITURA DÃO ASSISTÊNCIA  AOS MORADORES ATINGIDOS PELO TEMPORAL 
PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE MORADORES TEME UMA TRAGÉDIA COM AS FORTES CHUVAS
Apesar do temporal que cai sobre a cidade desde a segunda feira (de abril) nenhum representante do Governo de Estado nem do Município foI até a Rocinha, para verificar os estragos. Moradores tiveram de fazer o papel das autoridades completamente omissas.
A professora Adriana Pirozzi é a nova presidente da Associação de Moradores da "Maior Favela da América do Sul", como é conhecida a Rocinha por seus moradores. Há alguns meses as duas maiores associações de moradores a União Pró Melhoramentos dos Moradores da Rocinha-UPMMR e a Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Barcellos-AMABB resolveram juntar as forças e formar uma só associação, que funciona na sede da AMABB quase na esquina de sua principal via de acesso a Via Ápia, o centro comercial da enorme favela. Adriana teme uma enorme tragédia com as fortes chuvas de fevereiro que atingiram toda a Rocinha. O perigo está presente em muitas áreas e a Geo Rio ainda não tomou as providências que são necessárias para prevenir novos desabamentos.
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A "filha da Dona Elisa"como é mais conhecida tem esse trunfo, sua mãe uma nordestina arretada e muitas vezes destemperada era idolatrada por todos devido a seu trabalho como uma super mãe protetora na direção da Creche da Rua Um, como já descrevi em postagem anterior como um "Oásis em Meio ao Tiroteio" um lugar neutro e respeitado pelas diversas forças que atuam na localidade.
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Adriana era vice-presidente da chapa encabeçada por Duda que acabou saindo no meio de mais uma crise que atormenta os moradores, o "Racha" entre Antônio Bonfim Lopes, o Nem e Rogério Avelino o 157, ambos presos em segurança máxima, segundo as autoridades do sistema prisional. "Larguei tudo, deixei a Creche nas mãos de minha filha e fui embora, mas me buscaram onde eu estava para tentar botar ordem nas coisas. Sei que é difícil, mas puxei à minha mãe e vou lutar até o fim" afirma. Adriana que procura dar um toque feminino organizado ao caos em que está localizada a associação. Canos furados, uma cozinha moderna e funcional e uma sala para reuniões quase que diárias para tentar resolver os inúmeros problemas que acontecem diuturnamente.Inevitavelmente teve de se encontrar com os novos "donos do morro", ou que representam Rogério 157, que mesmo à longa distancia controla muitas coisas que se passam na imensa favela. Os encontros foram somente dois e estritamente necessários para que segundo ela "Não virassem bagunça"; Ela conhece alguns deles, mormente os jovens "soldados do movimento" que cruzaram com ela nos inúmeros becos e vielas. Alguns se desviaram do caminho e ao invés de seguirem universidades como a maioria preferiram o fascínio exótico do "movimento" e das centenas de armas que aparecem como por encanto. Adriana também participou de mais de uma reunião com os  responsáveis pela intervenção na segurança pública que quiseram conhecê-la pessoalmente.   
A nova associação também usa os métodos de vigilância espalhados por toda a localidade. Câmeras na Via Ápia com monitores em sua  sala exercem um controle necessário. Uma das câmeras da CET-Rio que controla o fluxo de carros na saída do túnel pode ter registrado de onde partiram os tiros que atingiram o jovem Bryan Bispo da Silva de 14 anos que brincava na área conhecida como Matinha, próximo ao CIEP Airton Senna. Era o assunto do dia, que provocava revolta em todos que a toda hora entravam em sua sala para acusar um grupo de policiais da UPP de atirar a esmo, sem se importar em vitimar inocentes e citam entre muitos "erros de percurso" o caso da turista espanhola atingida por um tiro de arma policial no Caminho do Boiadeiro há meses atrás e de um entregador de gelo que foi atingido mortalmente na área conhecida como 199.
Adriana, formada nos bancos escolares da Pontifícia Universidade Católica-PUC sabe que vai ser necessário manter um difícil equilíbrio entre forças tão heterogêneas e já preparou uma sala para a resolução de conflitos. Embora tenha herdado a coragem e a tenacidade da Dona Elisa,ela quer a Paz em todos os dezoito sub-bairros desde o Laboriaux ao Bairro Barcellos e para que isso aconteça  procura ser também uma hábil negociadora. Adriana tem um trunfo, leva na bagagem o respeito adquirido por ela em todos os setores, entre os diversos poderes, sejam eles os constituídos ou as forças paralelas que às vezes são hegemônicas. 

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